31 julho, 2015

NÓS TAMBÉM DISCUTIMOS

Na segunda feira passada discuti com o príncipe (hoje é sexta).
Estou a "viver" em casa dele desde o dia 21 deste mês (hoje é o último) porque o meu quarto está "ocupado" e por isso passo uma parte do tempo a jogar no IPad dele.
Como ia a dizer, na passada segunda entrei (coisa que normalmente não faço) no meu facebook através do IPad dele. Tinha o facebook dele aberto (coisa que normalmente não está). Não dessas coisas mas a ex namorada dele perturba-me e entrei nas mensagens dele só para ver se tinha conversas com ela. Ora tinha, claro. Era pra aí a 4ª conversa (não muito antiga, portanto).
Entrei e a última conversa tinha sido no dia 9 de julho (um dia antes de ir a Lisboa ter comigo) da parte dele a perguntar-lhe algo do doutoramento dela. Li as mensagens mais antigas e não tinha nada de especial. Ele a dizer que estava em Paris, ela a dizer que estava em Trieste, ele a dizer para ela tirar umas fotos à cidade, ela a dizer que não tinha máquina, ele a dizer para o fazer com o telemóvel.

Fiquei doente. Tão mal que não tinha vontade de chorar. Estava dura. "Vou enfrentá-lo, vou ter de lhe pedir justificações"

Ele chegou a casa e comecei a disparar muito calmamente. Ele ainda se fez desentendido mas não valia a pena. As evidências estavam lá. Disse que sim, que falava com ela, mas só para saber se ela estava bem. E que não via mal nenhum nisso. 
"Não há mal nenhum, Mas há uns meses atrás falamos sobre este tema e disseste-me que já não falavas com ela desde dezembro não-sei-de-que-ano. Tem aí conversas de agosto do ano passado. E o problema é que me mentiste"

A conversa continuou por 1h30 (mais coisa menos coisa). Disse-lhe que ainda não estava convencida e que isto só me ia fazer não acreditar nele. E terminei a dizer que ele me magoava. Vi um lágrima a crescer-lhe no olho e a dizer-lhe "Não digas isso, não é verdade." E abraçou-me.

Lá fomos fazer o jantar. Noix de St Jacques na conchinha.
E pronto, no dia seguinte de manhã voltamos a conversar sobre isso e voltei a chorar. Ele tranquilizou-me e a verdade é que fiquei melhor com o que me disse. Mas cá para nós, ela ainda não está completamente esquecida (por mim e por ele)

01 julho, 2015

MILANO --------- OLÁ PAPÁS DO PRÍNCIPE

Passamos o fim de semana em Milão. Já lá tinha estado embora à noite e com direito a visita apenas à Catedral e ao Duomo. A impressão da cidade foi a mesma. É feia e cinzenta. Para além da cidade e do Duomo, tem o Castelo a visitar e ficamos por aqui. Esteve muuuuito calor. Fomos à Expo e andei muuuuito. Até me doeram o fundo das costas e as coxas. Comemos italiano e visitamos vários stands de vários países. Fiquei morta. O domingo foi para descansar. Apanhamos o voo ao final da tarde e enfim em casa (não é que me importasse de ficar. Paris é sempre aquele ambiente estranho)

Os pais do piccolo chegaram no mesmo dia mas um pouco antes. Despedi-me dele quando cheguei a casa e mais tarde convidou-me por SMS para jantar com os pais no dia seguinte (que acho que foram os pais que propuseram).

Segunda feira, 29 de junho de 2015, conheci oficialmente os pais do príncipe. Oficial ou não, conheci-os.
Não sabia o que me esperava. Além disse havia o entrave da língua e disse ao A. que estava com um pouco de vergonha. Ele disse que era normal mas não adiantou muito mais.
Fomos de carro ter com eles ao hotel onde estavam. Quando chegamos já lá estavam os dois à nossa espera, E com um sorrisão nos lábios. Pelo menos a mãe sim. [Que vergonha]
A mãe dele começa logo a falar pelos cotovelos, toda simpática. Entre perguntar-me se o A. é um bom professor de italiano, ao qual respondi não, e... não sei mais o quê, a senhora falou sempre.
Entramos no carro, e ficamos as duas no banco de trás. direção pizzaria italiana.
"Alora, Daniela" com o seu sotaquezinho italiano. "Que contas?"
Bom, não vou tar aqui a dizer tudo que ela disse até porque não sei qual é a ordem. E a certa altura este texto vai deixar de fazer sentido.
Quando não percebia alguma coisa pedia ajuda ao A. e lá nos íamos entendendo.
Chegados ao restaurante, sentamo-nos e a mãe dele pega num saco e entrega-mo.
"Daniela, é uma prenda para ti"
Como assim? Fiquei logo sem jeito. Acaba de me conhecer. E além disso, porquê? Não faço anos, não arranjei trabalho, sei lá. Tipo, olho para o A. para tentar perceber ou para ver se ele dizia algo e me ajudava com a situação. Nada. Tem um sorriso levezinho nos lábios.
Era um saco da Pandora. Fácil de adivinhar o que estava dentro. Duas pedras azuis, uma máquina fotográfica, uma mala de viagem e um golfinho ao centro. Lindo. Adorei. Agradeci aos dois, pai e mãe, e queria ter sido mais convicta porque amei a prendinha. Mas o meu italiano ainda não é bom.

Comemos as entradas: tomates, pão tostado, corgetes, pimentos. Depois a piza.
Fomos falando, sim a senhora não ficou um minuto calada. E sempre a rir. Parece, ou nota-se, que é uma pessoa feliz. Perguntou-me o que fazia em Paris e disse que também era professora.
"O A. tem um irmão. E tu?" Lá lhe falei das irmãs e dos pais que estão em Portugal.
"Os pais têm saudades?"
"Sofrem muito com a distância da filha?"
"Pois, é difícil. Eu sei o que é"

O pai perguntou-me a idade do meu pai. O A. não ajudava mas lá me consegui fazer entender ao fim de algum tempo.

Terminamos o jantar e fomos para casa. Pelo caminho a estrada estava cortada e mudamos de direção. Não sei por onde andei mas via pelo espelho que o A. não estava contente. O pai lá lhe berrou que estava a andar muito depressa. Se é coisa que não acho é que o piccolo conduz depressa. Aliás, se o fizesse era a primeira a dizê-lo. Não concordei muito com o pai mas pronto.
Entretanto o pai fez-me uma pergunta em que percebi 'Portugal' e 'sempre' mas não consegui perceber o que ele me perguntou ao certo. Disse-lhe que não percebi e o pai pede ao A. para traduzir. Ele não responde. Não diz uma única palavra. E vejo pelo espelho que não está a achar piada à conversa ou sei lá ao quê.
Então o pai diz-me com uma voz mais forte:
"Daniela, tens de aprender italiano para nos entendermos porque o A. não traduz nada."

Fiquei um pouco triste. Acabei por não saber o que me perguntou e depois de nos despedirmos deles, não lhe perguntei nada porque vi que ele estava um pouco nervoso.
Só deu um suspiro e disse: Não é fácil!
- O quê?
- Os meus pais
- Oh, não digas isso.
- Então não é? Principalmente o meu pai. Viste o que ele disse pela minha condução.

Não respondi. Hoje vou estar com ele. Vou despedir-me porque amanhã vou para terras lusas. E vou tentar puxar conversa dos pais e dizer-lhe que ele não foi muito simpático naquele dia.

Os pais telefonam-lhe todos os dias. E normalmente duas chamadas, porque o facto de a mãe ligar, não quer dizer que a parte do pai já esteja feita. Ele telefona também. E por isso mesmo, achei que eles tivessem uma relação mais próxima e amigável. Afinal não é bem assim.


*Lembrei-me de mais conversas que tivemos. Logo no 1º contacto, quando nos encontranmos ao pé do hotel, ela falou do calor que estava. "O A. diz-me sempre que aqui está frio, que está frio. Nós chegamos e está este calor." Sempre a rir
Já no restaurant, e depois de falar, falar, falar e rir, rir, rir, perguntou-me se eu a imaginava assim, tola e que só dizia asneiras. Ri-me e disse que não tinha propriamente pensado. Meio que menti. Cheguei a tentar imaginar como ela poderia ser mas, não sei porquê,  não conseguia imaginar. Mas não, assim não a imaginava. Um pouco mais séria, penso eu.
Entretanto diz-me também que está muito contente por estarmos ali todos juntos e por me conhecer. "Tu és uma bella ragazza, simpatico, calma."
"Grazie" dizia-lhe eu toda convencida.
"És uma pessoa calma, não és? Não és nervosa?!"
"Hmm mais ou menos"
"O A. é mais nervoso, não é?"
"Hmm, não muito. Talvez agora por causa do doutoramento."

Não sei o que quis dizer, mas talvez venha à baila a mesma história da relação dele com os pais. Talvez seja mais nervoso em casa do que quando está comigo. Bem, comigo ele nem é nervoso, só mesmo nesta altura por causa do tanto trabalho que tem. Vou tirar as dúvidas se um dia for a casa dele.